O conto da taça

Estava um calor infernal e Emiliano acabara de chegar a casa. Caminhou direto para a cozinha, abriu a geladeira, encheu uma taça daquelas de vinho com água gelada e sentou-se no sofá. Pensou.. ”bebida em copo bonito, até parece que fica mais gostosa!”

Bebeu uma parte da água e de tão cansado que estava, acabou cochilando com a televisão ligada, isso passava das duas da tarde. Tinha andado toda a manhã em busca de uma solução daquela questão difícil e lutava pra encontrar uma forma para resolver aquele problema. Foi quando ela entrou pela porta em segundos e lhe questionou... Por que ainda não resolveu?

Nesta hora, o olhar correu para a janela do lado de fora, para bem longe, lá no horizonte e se perguntou: “E agora?” Neste momento, bateu um sentimento de incapacidade diante de uma solução rápida, pela qual estava sendo cobrado.


Internamente, uma tristeza “estacionou” em seu corpo tão rapidamente que por segundos, sumiram as palavras da boca e passou todo um filme na cabeça. O copo de vinho que estava na beira do sofá caiu no chão, quebrou, molhando todo o tapete. Ficaram apenas os pedaços e junto a eles um sentimento de falha. Naquelas condições, nada adiantaria tentar alguma defesa.

Para consolo imediato, lembrou de uma frase de infância que vira num livro, o qual não se lembrava qual era o nome do autor. “ Ah...sim..era de Antoine de St.Exupéry ...”Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos...”  Perdoar de verdade é algo muito nobre e é preciso muito mais do que vontade para fazê-lo.. Neste momento, levantou-se, abriu a porta e saiu. Nas costas, carregava uma mochila imaginária com 500 kg. A roupa estava molhada, mas estaria chovendo..? Pediu perdão a Deus e não voltou mais. "..vou pegar uma carona no futuro..”

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