quarta-feira, 11 de abril de 2012

Abri a porta...naquele instante..

Havia marcado um encontro. Não conseguia pensar em outra coisa, afinal era aquela pessoa que tanto admirava, desde os 14 anos. Ela viera de Paris, em retorno depois de mais de 10 anos. Ele beirava os 45 anos e só de pensar no abraço, já fazia arrepiar os pelos do corpo. “Tenho uma atração que não tem explicação!" Ela tinha um papo muito agradável, doce, sorridente. E assim passou uma semana na imaginação,  sem mais contatos, visto que só se comunicavam por email.

E chegou o dia. “Não precisa me buscar no aeroporto! Aguarde que entro em contato assim que puder”. E entrou mesmo, numa sexta feira. Por favor, vá até a minha casa na próxima quinta por volta das 22:00h. Foi a semana mais comprida de toda a vida.  O dia amarrava, o trânsito, o frentista parecia sonolento, uma impaciência que nunca havia sentido.Tomou aquele banho de mais de meia hora e escolheu o melhor perfume que tinha.. “Tenho que causar uma boa impressão.Estava tão nervoso que acabara por esquecer os documentos em casa.

Chegou ao local e apertou a campainha. Do interfone veio a resposta: “Suba, por favor,” Nervoso, entrou no elevador e subiu. Ao apertar a campainha, na entrada do apartamento, percebeu que a porta estava entreaberta. Entendeu como um sinal e entrou em silêncio. Andou alguns passos até sair na sala de estar e ficou ainda mais sem reação.

Havia flores espalhadas por todo o ambiente, velas acesas, doces, salgados, uma caixa azul com muitos chocolates. E  ela num vestido de noite, linda como a lua, numa noite de verão.. Ficou por longos cinco minutos sem nenhuma reação. Desconcertado, nem conseguia falar...”O que é isso?” perguntou..

Este mês faz 20 anos que te conheci. Quando ocorreu, senti algo inexplicável, mas por caminhos diferentes que a vida nos coloca e por vezes falta de coragem da nossa parte. Assim deixamos passar e encaramos aquilo como algo sem importância...Após o passar do tempo e as experiências, percebe-se que temos algumas oportunidades para tentar, para fazer valer aquilo que é o nosso sonho, o nossa realização. E quando o tempo passa, acaba percebendo que não é correto deixar com que os desejos, objetivos se apaguem na corrida pela vida.

Foi uma noite inesquecível. Daquelas de ficar suspirando por dias. Mas, três semanas depois, a empresa em que ele trabalhava solicitou sua transferência para o Oriente Médio. Iria trabalhar na reconstrução de uma cidade devastada por uma guerra. Trabalhou por quatro anos e por lá se casou com uma colega de trabalho da Indonésia. Nunca mais retornou, mas aquela cena do apartamento nunca saiu da sua retina...

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 A COR DO SOM - "ABRI A PORTA" (link)
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