quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O homem na montanha...

Havia acabado de descer na estação. Aquela neblina habitual começava a dar o ar da graça por cima das montanhas, dando o sinal de que poderia "tomar" o local a qualquer momento. Caminhou rapidamente pela rua principal, até o início da trilha sob o olhar desconfiado daquela senhora na janela, acostumada a ver tanta gente realizando o mesmo trajeto. Um cachorro latia aqui e outro ali, mas fora isso, era um silêncio que dava pra ouvir os próprios passos nas ruas de paralelepípedo. Lembrou-se da infância, de um primo que quando tinha oito anos, tinha uma imensa dificuldade em dizer aquela palavra (pa-ra-le-le-pi-pe-no) e riu sozinho. Em dez minutos, estava no meio do mato a caminhar com aqueles barulhos típicos de floresta. Um passarinho ali, um barulho de cachoeira aqui, um bicho rastejando sob as folhas que não dava pra ver o que era e...”vamos em frente!”..pensou. Quase duas horas de caminhada neste cenário e chegou ao topo da montanha. Eram quase 17:00 h. "A neblina atrasou, acho que dá pra continuar”. Tinha que realizar uma escolha, dormir ali, nas alturas pra continuar no dia seguinte ou tentar descer a montanha. Equivocadamente, resolveu continuar. E é aquela coisa. Com natureza, não se brinca, não dá pra adivinhar. É preciso informações mínimas, seguras, que podem até não ser tão seguras assim em determinado momento, já que o homem não tem domínio sob as forças da natureza. Ele pode, no máximo ser um “parceiro” e trabalhar com elas. Além disto, torna-se necessário uma preparação mínima para poder encarar certos desafios. Começou a caminhar e em menos de trinta minutos, uma névoa “cobriu” completamente a trilha, deixando-o totalmente perdido. Não tinha aparelho de GPS, sinal de celular nem pensar. E o pior..estava sozinho. 

Tirou a lanterna da mochila e tentou iluminar o caminho. Não dava pra ver mais que um metro e meio e de vez em quando a trilha se dividia em três. E a temperatura, caía...caía um pouco mais. “Por enquanto dá pra agüentar”. Naquele cenário, caminhou por mais 10 minutos quando percebeu que o mato começou a fazer um “sanduíche” no caminho. Se você anda numa trilha consolidada, normalmente isso não ocorre. Isto era um sinal, estava perdido, no meio da neblina e num lugar cheio de precipícios. “E agora?” pensou. Parou, sentiu uma ponta de desespero subir pelo tronco e sentou no chão. Tomou um pouco de água, fechou os olhos, começou a refazer na memória todo aquele trajeto que havia realizado anteriormente em outros anos. Respirou profundamente por uns dez minutos e começou a rezar. Pediu aos que "habitavam" aquele ambiente para que lhe ajudassem e orientassem o caminho. Que estava ali e tinha um profundo respeito por tudo “aquilo” e assim como entrou,  gostaria de sair e chegar ao destino. Uma sensação de paz foi se aproximando e levantou. Olhou em volta, pensou um pouco mais e escolheu a trilha a direita. Andou devagar alguns passos pois sentia que era uma descida. Foi indo com cuidado e logo uma parte plana, surgiu à  frente. Neste momento, logo atrás da trilha, vindo de outro caminho, uma pessoa apareceu descendo rapidamente.
Não estava vestido com equipamentos de trilheiro. Uma mochila, improvisada nas costas, um chapéu, um pedaço de madeira como apoio nas mãos. Não hesitou em perguntar. “Amigo, tudo bem? Pode me auxiliar? Qual é o caminho correto aqui pra chegar ao acampamento? ” Só no intervalo destas palavras, o cara tinha dados uns dez passos e já se colocava a frente da trilha. Ele apenas olhou pra trás sem virar o corpo completamente. “A partir deste ponto, siga sempre ao lado direito que vai margeando a encosta da montanha nas duas bifurcações que encontrar". "Vá em frente que dá tempo, antes que escureça”. “Ah obrigado mesmo!”. Passou a acompanhá-lo a certa distância e tentou se aproximar. Aquele homem com quase cinqüenta anos andava tão rápido e era notório que conhecia a trilha. Tentou andar mais rápido pra acompanhá-lo, mas nunca conseguia diminuir muito a distância. Com a mochila pesada foi cansando. Mas nisso, havia se passado uns 10 minutos, tentando andar numa marcha igual ao “trilheiro” da sua frente. Desistiu. O cara sumiu no caminho. Um pouco mais a frente, a neblina se dissipou e caminhou por mais uma hora, até que chegou ao destino. No acampamento, tentou encontrá-lo para agradecer. Olhos por uns minutos em tudo aquilo. Ele não estava lá. Nunca mais o encontrou. “Obrigado amigo!”, disse em pensamento.
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* The man on the silver mountain - Ronnie J.Dio
( de forma casual, me lembrei desta bela canção para ilustrar)
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sábado, 10 de agosto de 2013

Extremismo dá cegueira ?

Atualmente, tenho evitado assistir televisão. Não porque seja contra o veículo, mas é pela quantidade de fatos, coisas absurdas e violentas que tomaram conta dos noticiários em geral. E ver isso em demasia, não faz muito bem pra ninguém. É sabido que a indústria da TV que sempre trabalhou pela audiência, por causa própria, por anunciantes em seus canais. Evidente, porque é uma empresa como outra qualquer, que precisa dar lucro e "vender uma boa imagem" que nem sempre é a realidade. Cabe o direito de escolha de cada um. Se antes, já não havia bons programas, de uns tempos para cá, pararam de investir ainda mais em uma mínima qualidade e assumiram de vez, a “banda podre” da coisa. E todos sabem por quê, ou deveriam saber. Não tenho a mínima pretensão de explicar, afinal somente os ilustres pastores das grandiosas instituições do Ptolomeu que aparecem nos canais por aí, "salvam, conduzem e iluminam". É só acompanhar os fatos e se tiver um raciocínio mínimo, "entenderá". E antes que algum "extremista religioso" reclame, quero dizer que não tenho nada contra os pastores de qualquer denominação e que em todos os campos de atividade da vida é assim...existem alguns honestos e outros nem tanto.

Na esteira destes temas absurdos, quero expor aqui um assunto que irrita bastante e que mais uma vez, pra variar...ocorreu. Os fanáticos do futebol que travam verdadeiras guerras. Brigam nas ruas, em estádios, nos pontos de ônibus, nas estações de trem, jogam bombas, sinalizadores, etc, etc. Existem até alguns deles que perdem o seu tempo em páginas de internet, somente para escrever asneiras e achincalhar pessoas que não “são da sua mesma bandeira”. Vide o caso da estação de trem em Porto Alegre - RS.

De 100% dos “honrados políticos brasileiros”, 101%, riem a toa com esse negócio de construção de estádio para a copa e acham estas "cenas" realmente espetaculares e saudável para o "negócio" deles, porque querem é que os “chucros organizados” continuem se enfrentando.Nas ruas, páginas de internet, no ponto de ônibus, metrô e etc. Assim, terão mais tranqüilidade pra continuar os generosas festas com dinheiro público” que essa copa vai proporcionar. Dinheiro que deveria ser usado em.........deixo pra você pensar. 

Alguns são presos até fora do país por realizar “peripécias” e os políticos vão ajudá-los, porque são “anjinhos e pessoas fraternas” que nunca fizeram mal a ninguém. São pessoas merecedoras do auxílio do estado e da rede “ogro". Porque isso dá audiência, mesmo que morram dois ou três. E claro, este país é uma maravilha, tudo funcionando bem, não tem muita coisa pra consertar. Temos emprego de sobra ! Está tudo uma beleza ! A aplicação da lei para os "fora da lei" é forte como um gelatina. A economia segue de vento em popa ! 

Não sou contra o futebol. Aliás, gosto bastante de um clube de S.Paulo porque fez parte da minha infância e gostar deste clube tem um significado particular. É um contexto vivido, pais, primos, amigos, etc. Além disto, é legal de praticar, de assistir, só não é a coisa mais importante da vida. O que não dá pra aceitar é que esse embate esportivo” saia do campo para a prática de “bizarrices” em torno de uma agremiação, que alguns idiotas acreditam ser a melhor para o mundo inteiro”. É isso em S.Paulo, Rio, Bolívia, Paraguai, Buenos Aires, etc, etc. Lembrei daquele filme do Bressane com um trocadilho...."Matou a família e foi ao.......estádio?"

Já pensou se os "extremistas de plantão" tivessem a mesma disposição para cobrar esse "pessoal bacana dos partidos" em Brasília das reais necessidades da cidade em que ele vive?

Será que um dia, investirão pesado em educação no Brasil ? Sei não...Tem um ditado popular que diz, “cada povo, tem o governo que merece?” Meu amigo Carleto, usa com certa regularidade esse "provérbio".Mas, contudo, sejamos otimistas, porque creio que sempre há possibilidade de mudança. Mas confesso que às vezes...Ah..hoje não verei o jornal.
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