sábado, 13 de setembro de 2014

Dia após dia, eu procuro ir em frente...- 27/09/2011 - Redson

Depois de muitas "acrobacias", desafios, quebrar paradigmas, preconceitos, etc, ele venceu. Saiu dos subsolos das bandas de garagem para tornar-se uma das maiores referências no punk rock nacional. Naquele tempo, o Brasil havia acabado de sair de uma ditadura militar e iniciava seus passos na chamada "democracia", termo que naquela época não conhecíamos muito bem e começávamos a tentar trilhar. Se nós conseguimos ou não, ganhamos ou perdemos é um papo para outro dia. Mas neste mês, nome de uma das suas obras, completaremos três anos que este rapaz da Vila Carolina resolveu dar umas voltas "por aí". Infelizmente teve uma ocorrência de saúde, mas deixou registrado em sua "Sarjeta", a recessão econômica, o desperdício de talentos humanos, desemprego, num país cheio políticos canalhas e desigualdades sociais e que sempre carregou nas costas o peso de ser chamado o país do futuro, assim como na canção homônima de Marcelo Nova.

A primeira vez que tive contato com o discurso pacifista/ecologista através de suas canções, gostava mesmo era do som, da energia que aquilo me provocava, afinal com a minha idade queria saber mesmo é de som das guitarras. Achava aquilo uma coisa utópica, era moleque, num bairro ainda com pouca estrutura e quase nenhuma opção cultural ou de lazer. Mas, ainda bem, a arte tem esse função de colocar diante dos seus olhos, temas ou situações que talvez um jovem de dezessete anos precise aprender. Em meados de 1985/90, ele estava partindo para o terceiro trabalho, shows na Europa, poderíamos dizer, na fase mais "popular" de sua carreira, se é que posso usar este adjetivo. Não havia internet e nenhuma destas redes sociais hoje tão comuns, nem a quantidade de espaços para este tipo de som. Tampouco havia tantos grupos que defendiam esta causa. Ele era um visionário neste segmento. Geralmente bandas punk não eram levadas "a sério", culturalmente ainda estávamos engatinhando, pois era o início destes movimentos culturais que reverberavam desde a Europa, mas claro com muito atraso. Veja quando foi lançado o 1º disco do Pistols e os primeiros movimentos das bandas punks nacionais e entenderá este delay.

Sem nunca tê-lo conhecido, devo a este rapaz e a outros que surgiram naquela época uma parte do meu aprendizado como jovem, cidadão, respeito as opiniões e diferenças, etc. Um dos meus amigos de faculdade, conheci porque suas canções serviram como elo, visto que vivemos o mesmo período. É impossível imaginar minha vida sem música, pois em todos os segmentos, temos artistas extremamente importantes para a nossa cultura, contracultura e etc.  
Ele deixou saudades, mas cumpriu seu papel com louvor. Em resumo, não sabendo que era impossível, foi lá e fez. E isso nos "alimenta" um pouco, pois sabemos que podemos fazer também, podemos trilhar o nosso sonho, seja qual for. Tornar melhor a convivência por aqui e ser um pouco mais feliz. Siga seu caminho caro amigo. Dia após dia eu procuro ir em frente...
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Na rede há vários documentários sobre Redson Pozzi, veja...

a) Três acordes de Cólera:
https://www.youtube.com/watch?v=fg3iLoO6hj8

b) Que esse grito não seja em vão !
https://www.youtube.com/watch?v=63NubigNFKc
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