Não acreditava no que estava presenciando. Inicialmente, pensava que estivesse sob o efeito de psicotrópicos. Depois caiu
na realidade, afinal não era usuário de nenhum instrumento deste tipo. Certo
que aqueles anti-inflamatórios, com certa mistura poderiam até
dar algum "barato". Mas não era o caso. Cerrava
os olhos, mas não estava enganado. Estavam ali de forma quase imperceptível. Já escutara isso no passado, mas nunca acreditou que
um dia isso realmente pudesse ocorrer.
Pensou como passara a vida. Havia trabalhado
para um certo deputado. Negociatas a qualquer preço. Dez
anos antes, participou de uma briga dentro da câmara dos deputados e agrediu a
outro colega por conta de sua discordância política. Não satisfeito, elaborou
uma emboscada para assassiná-lo, após sua turma perder uma votação para
aprovação de uma obra em que empresas participariam numa licitação maquiavélica, com o intuito de roubar os cofres, superfaturando os preços.
No mesmo período, sua mulher o citara numa delegacia com base na Lei Maria da Penha. Havia se cansado de tantas agressões físicas.
Mas nunca havia se preocupado com isso, porque era um cara extremamente bem sucedido e o delegado era seu amigo de longa data. Ou seja, tinha a certeza
da sua impunidade.
No outro canto da cidade, num hospital psiquiátrico, outro já dera entrada. Tomava remédios fortes, via seu império ruir como um castelo de areia. Dizia que não conseguia dormir, estava vendo coisas, pessoas que falavam com ele e lhe cobravam posições sobre suas canetadas. Ficou três meses assim até que sofreu uma parada cardíaca. Cinquenta anos, fumante, frequente consumo de álcool e sedentário, não resistiu.
No outro canto da cidade, num hospital psiquiátrico, outro já dera entrada. Tomava remédios fortes, via seu império ruir como um castelo de areia. Dizia que não conseguia dormir, estava vendo coisas, pessoas que falavam com ele e lhe cobravam posições sobre suas canetadas. Ficou três meses assim até que sofreu uma parada cardíaca. Cinquenta anos, fumante, frequente consumo de álcool e sedentário, não resistiu.
Paralelamente, outros também iam chegando com os mesmos sintomas. “Sei das minhas
responsabilidades, doutor. Os remédios de nada adiantarão. Em determinado
momento, perdi a mão, entrei na roda gigante para conseguir os meus objetivos.
Perdi o bom senso e abandonei minha consciência. É um reflexo do que escolhi”.
É verdade, cada um constrói o seu quadro de acordo com suas obras e inspirações.
É verdade, cada um constrói o seu quadro de acordo com suas obras e inspirações.
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